MÁSCARAS E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS

MÁSCARA: ELEMENTO FORMATIVO E TRANSFORMATIVO NO PROCESSO DE SUBJETIVIDADE DO SER HUMANO

A DIALÉTICA E A PERSONIFICAÇÃO DAS MÁSCARAS
Historicamente, a prática tradicional vinculada a aplicação e ao uso de máscaras está concatenado aos cultos ou cerimonias religiosas. No entanto, com o transcorrer das épocas, dos fatos históricos e das sociedades, a máscara teve seu uso expandido para outros diversos eventos, fatos, ocorrências e acontecimentos sociais (festas, brinquedos, heróis e encenações teatrais).
Entretanto, todas essas situações são demarcadas e construídas por meio da dialética das máscaras, ou seja, um processo denominado de jogo de ocultação e de revelação. Segundo Almeida Junior (2017, p. 36):
As máscaras se caracterizam, por um lado, pela revelação de entidades literárias, folclóricas e outras semelhantes; e no caso das religiões, pela revelação de seres. Por outro lado, caracterizam-se também pela ocultação da pessoa que usa a máscara. Assim, enquanto vela a pessoa, desvela as entidades ou os seres divinos (ALMEIDA JUNIOR, 2017, p. 36).
Contudo, o fenômeno da dialética das máscaras é descrito como um processo complementar, na qual a face ocultada somente passa a existir e a se consolidar com a presença da face revelada. Assim, nessas circunstâncias, “os seres literários ou divinos só se manifestam por meio das máscaras e por intermédio de um ator para a literatura ou folclore, e de um xamã ou feiticeiro, no caso da religião” (ALMEIDA JUNIOR, 2017, p. 36).
Semelhantemente, esse processo também ocorre com a contextualização fenomenológica das máscaras simbólicas, cuja ilustração, textura e adornamento ultrapassam toda a sua exterioridade. Então, na concepção de Jung (1992):
[...] uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto “inconsciente” mais amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado. Quando a mente explora um símbolo, é conduzida a ideias que estão fora do alcance da nossa razão (JUNG, 1992, p. 20).
Além disso, o conceito máscara pode ser aplicado como uma forma de simbolizar uma particularidade ecumênica dos seres humanos, isto é, a individualidade de se criar símbolos imagéticos e mitológicos (JUNG, 1992).
Assim sendo, muda-se a finalidade no concernente ao uso da máscara, porém, seu status enquanto linguagem que faz circular diferentes efeitos de sentido ao longo da história permanece (STROISCH, 2020). A máscara torna-se assim um meio de comunicação entre o homem e uma realidade, um item polimórfico em sua funcionalidade, ao ocupar diferentes espaços nas variadas demandas em diferentes épocas. Para Campbell (1997, p. 16): “O homem, parece não se sustentar no universo sem a crença em algum pacto com a herança geral do mito”.
Enquanto para Brandão (1986, p. 10): “[...] os mitos, além de gerarem padrões de comportamento humano, para vivermos criativamente, permanecem através da história como marcos referenciais através dos quais a Consciência pode voltar às suas raízes para se revigorar”.
As máscaras, ao longo dos séculos, eram utilizadas para caracterizar os antepassados, os seres sobrenaturais e as divindades, ou seja, as máscaras eram a caracterização ou a retratação imaginativa que configuravam a face dos deuses, ou seja, “as formas através das quais o inconsciente se manifesta” (BRANDÃO, 1986, p. 37).
Dessa forma, a história da humanidade sempre foi configurada a um oceano gigantesco em volta de mistérios. De um lado, a Bíblia, no livro de Gênesis, descreve a origem do homem como uma inspiração da criação divina, provido de inteligência e capacidade comunicativa (CAMPBELL, 1997). Assim, em nenhum dos livros que formam as escrituras sagradas é mencionado ou descrito a existência de um homem pré-histórico.
Do outro lado, a ciência descreve o constante processo evolutivo das espécies animais, no qual o homem está inserido. Segundo Chauí (2002, p. 36): “O mito é essencialmente uma narrativa mágica ou maravilhosa que não se define apenas pelo tema ou objeto da narrativa, mas pelo modo (mágico) de narrar, isto é, por analogias, metáforas e parábolas”. E segundo Campbell (1997):
[...] um princípio fundamental da tradição cristã fez parecer que era um ato de blasfêmia comparar os dois no mesmo plano conceitual; pois, enquanto os mitos dos gregos eram reconhecidos como pertencentes a uma ordem natural, os da Bíblia eram tidos como sobrenaturais (CAMPBELL, 1997, p. 19).
Assim, na interpretação de Campbell (2003, p. 27): “o mito é uma espécie de fórmula sagrada para a qual a vida flui quando esta projeta suas feições para fora do inconsciente”. Já na apreciação de Brandão (1986, p. 9) por meio do uso do “recurso da imagem e da fantasia, os mitos abrem para a Consciência o acesso direto ao Inconsciente Coletivo”.
Sendo assim, Jung (1982) descreve a palavra mito como sendo a conscientização dos arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das quais o inconsciente se manifesta. Dessa forma, a caracterização significativa e expressiva das máscaras como dispositivos estão direcionadas as projeções interiores e exteriores que facilitam processos de autoconhecimento e de desenvolvimento de uma sociedade (JUNG, 2000). Percebe-se, ainda, que há uma diversidade na manifestação e expressão de pensamentos e sentimentos nas diferentes utilizações pesquisadas. A máscara como um catalisador do caráter socio-humano, seja em busca de contato com o divino, com o oculto, com a sexualidade ou com a índole do indivíduo (CAMPBELL, 2010).
Assim, como um fantasma, a máscara passou a ser utilizada como um elemento omissivo da verdadeira personalidade de quem a veste, como se esta conseguisse transformá-lo em um novo ser, um canal que possibilitava a liberação de sentimentos e emoções antes reprimidos ou repreendidos pelas sociedades, sua utilização nas artes permite que seu portador passe de um frenesi alegre as raias da tragédia, da hierarquização dos corpos a estigmatização da orientação sexual, de um artefato decorativo a uma couraça pandêmica.
Contudo, na perspectiva dessa análise conclusiva do arquétipo máscara como acessório fulcral do corpo, denota-se que esse artefato elabora toda uma relação dialética entre máscara-sujeito-corpo-sociedade, ou seja, esse elemento fundamenta toda a construção do ser humano e de sua própria realidade. Portanto, é um processo interposto por uma linguagem repleta de simbologias, personificações e significados socioculturais, político e religioso, a qual acaba sendo internalizada no inconsciente coletivo e individual do sujeito e transformados em sentidos subjetivos.
Assim, na concepção de Molon (1999) a máscara e a subjetividade se transformam em um processo que: [...] manifesta-se, revela-se, converte-se, materializa-se e objetiva-se no sujeito. Ambas são um processo que não se cristaliza, não se torna condição nem estado estático e nem existe como algo em si, abstrato e imutável. É um processo permanentemente constituinte e constituído. Estando na interface do psicológico e das relações humanas.
À vista disso, as máscaras foram e ainda continuam sendo o artefato com maior representatividade simbólica e personificação metafórica das esferas socioculturais, política e religiosa. Entretanto, no contexto da contemporaneidade, a máscara física, tem seu uso limitado as festividades populares, ao teatro, como adereço decorativo ou como material protetivo a pandemia. Diferentemente, da máscara figurativa arquetípica, que é utilizada pelos seres humanos na criação e elaboração de papéis e personagens, os quais são fundamentais no processo de adaptação social, nas múltiplas esferas que estruturam a vida.
Portanto, a máscara é um dos poucos elementos que expressa a capacidade de adquirir novas formas, sentidos, significados, simbologias e personificações e um dos poucos acessórios que possui a capacidade de transmutar sua contextura configurativa, sendo retratada fisicamente ou subjetivamente.
Porém, é por trás da máscara subjetiva e/ou figurativa que se esconde as verdadeiras características do ser humano (personalidade, caráter, individualidade e sexualidade), as quais em grande parte se encontram veladas. Uma vez que, as regras, os princípios e os preceitos elaborados pelas sociedades heteronormativa e patriarcal, pressionam as pessoas a viverem um modelo pré-determinado, obrigando os cidadãos a encarnar diferentes personagens, personificados pelo tipo de discurso, pela imagem e/ou pela expressão corporal adotados nos múltiplos contextos.
Assim, no processo da dialética da máscara, quando se esconde o verdadeiro self (si mesmo), para se desvelar a imagem arquetípica ou a personagem elaborada e/ou encarnada, é preciso se dosar com consciência e responsabilidade esse processo, para assim, não se tornar escravo da desejabilidade social e se perder na própria identidade.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA JÚNIOR, José Benedito. A dialética das máscaras: o jogo de ocultação e revelação no trabalho do ator. Conceição/Conception, Campinas, SP, v. 6, n. 1, p. 35–47, 2017. DOI: 10.20396/conce.v6i1.8648647. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conce/article/view/8648647.
BRANDÃO, Junito De Souza. Mitologia Grega. – Vol. 01. 8 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1986.
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus – Mitologia Primitiva. 4ª ed. São Paulo: Palas Athena, 1997.
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. 6ª ed. São Paulo: Palas Athena, 2003.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus: mitologia primitiva. São Paulo: Palas Athena, 2010.
CHAUI, Marilena. Introdução à História da Filosofia. 2ª ed. revista e ampliada. Editora Companhia das Letras, 2002.
JUNG, Carl Gustav. Aion — Estudos sobre o Simbolismo do Si-mesmo. Tradução de Dom Mateus Ramalho Rocha, O.S.B. Petrópolis, Vozes, 1982.
JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Trad. Maria L. Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
MOLON, Susana Inês. Subjetividade e Constituição do Sujeito em Vigotski. São PULO: EDUC, 1999.
STROISCH, Bruna. De rituais à proteção: história das máscaras ao longo do tempo. Blog: ndt 09/05/2020 Disponível: https://ndmais.com.br/saude/de-rituais-a-protecao-historia-das-mascaras-ao-longo-do-tempo/ Acesso em: 11/08/2020.
Máscara Paleolítica: Simbolizada por crânios humanos, personificavam a veneração dos ancestrais ou a crença de que esses ossos transmitiam propriedades de proteção. Essa prática ficou designada de “culto a caveira”. Os crânios eram suspensos ou exibidos para os inimigos no local, que era frequentado com o objetivo de homenagear os antepassados, pois acreditava-se que os poderes dos mortos passariam para os vivos. À vista disso, o povo tinha por hábito enterrar os seus mortos e, posteriormente, exumá-los para poder retirar o crânio e dispô-lo criativamente. Assim, uma reconstituição com os fragmentos mostra que a posição do buraco feito no osso, auxiliado pelos então referidos vincos, permitia a suspensão segura do crânio e impedia a queda do maxilar.


Máscara Neolítica: Artefato utilizado na transição de uma economia voltada à caça e à procura de alimentos para a agricultura antiga e a domesticação de animais e plantas. Considerado como o principal símbolo personificador e transformativo na estrutura social e no grande aumento nos rituais e atividades religiosas.
Máscaras Africanas: São adereços utilizados em cerimônias e rituais e têm grande importância religiosa, mística e espiritual entre os diversos povos africanos. Na contextualização cerimonial, as máscaras têm como finalidade estabelecer contato com o mundo espiritual e com os deuses. Podem ser usadas como agradecimentos por: boas colheitas, abundância e prosperidade, resolução de disputas, vitória em guerras e conflitos. Assim, como símbolos de valores morais, como: humildade, perseverança, coragem, força e sabedoria. Além disso, esses artefatos são usados em cerimônias de celebração e rituais de iniciação e casamentos, nascimentos e funerais, em cerimônias de cura e de preparação para a guerra, em rituais para expulsar espíritos ruins e na disciplinação coletiva, além de consistirem como artefatos mitológicos de narrativas de contos e das artes dramáticas.

Máscara do Povo Bwa (Burkina Faso): São artefatos confeccionados através de uma modelagem abstrata, porém, com padrões geométricos, cuja representatividade está associada aos espíritos da floresta, os seres invisíveis relacionados a água e a terra. Possuem em suas manifestações culturais a tradição das máscaras em formato de placa, personificando os instrumentos de conexão entre o universo selvagem e o universo social. As linhas em zigue-zague representam as dificuldades que os ancestrais encontraram em seus caminhos e as pinturas em preto e branco representam os opostos: luz e trevas, sabedoria e ignorância, homem e mulher. Elas interagem equilibrando as forças e trazendo entendimento e paz. Apresentam um elemento que pode ser lido como o significado de um pássaro presente na região, chamado Calao-Grande, importante para diversos povos africanos. Já a parte de baixo remete à coruja, animal de clarividência. Essa máscara pode ser usada tanto em celebrações de iniciação, como em eventos fúnebres e até mesmo em negociações comerciais.
Máscara do Povo Grebo (Costa do Marfim): São artefatos arquitetados com olhos bem abertos e arredondados, cuja retratação está relacionada a um estado de atenção ou uma atitude raivosa. Entretanto, o nariz é esculpido de forma reta, simbolizando uma determinação ou uma decisão.


Máscara do Povo Fang (Gabão): O principal artefato desse grupo social é a Ngil, uma máscara de cor branca com traços faciais preto, além de serem alongados. O rosto é totalmente afunilado e com pequenos elementos – os olhos representados por pontos, a boca um pequeno círculo e as sobrancelhas e o nariz unidos, cuja representatividade está relacionada à moralidade. São máscaras utilizadas por membros escolhidos da tribo para serem usadas nos rituais de iniciação e para afastar malfeitores. Além disso, essa máscara se tornou fonte de inspiração, dos artistas vanguardistas europeus, para a construção de uma arte ocidental inovadora.
Máscara do Povo Dogon (Mali): O principal artefato utilizado e venerado por essa tribo é a máscara denominada de Kanaga, personificada por um rosto retangular e barras no topo da cabeça representando uma espécie de duas cruzes. Assim, na contextualização interpretativa, as barras superiores e inferiores simbolizam um pássaro e a força de Deus e/ou podem ser elucidados como o céu e a Terra. No cenário ritualístico batizado de dama, essa máscara proporciona a passagem segura dos espíritos para o mundo dos antepassados.


Máscara do Povo Biombo (República Democrática do Congo): São artefatos utilizados nos ritos tribais e de circuncisão. Como principal característica, a maioria dessas máscaras tem sua face tingida e/ou pintada em tons de vermelho, obtidos pelo pó de tukula, o qual é extraído da árvore conhecida por sândalo africano.
Máscaras do Povo Kuba (República Democrática do Congo): Entre os diversos tipos de artefatos produzidos por essa tribo e utilizados em rituais de iniciação e celebrações, está a famosa máscara denominada de Mwaash Ambooy, símbolo representativo do poder real, usada apenas pelo rei ou pelos chefes locais. Sua origem é regida segundo as tradições Kuba, visto que, esse artefato simboliza o personagem Woot, um herói fundador de quem essa tribo acredita ser descendente.


Máscara do Povo Dan (Costa do Marfim): Essa tribo está respaldada em duas tradições: a caça e a agricultura. Na contextualização dos princípios ritualísticos acreditam na existência de dois universos: o físico (humano) e o sobrenatural (divindades). Assim, a máscara é regida por forças espirituais e são usadas como elemento protetivo e de comunicação com as divindades. Entretanto, esse artefato é personificado com rostos humanos e esculpido em madeira.
Máscara do Povo Kota (Gabão): São máscaras elaboradas em madeira e revestida com chapas de cobre e latão, como forma de ampliar e ostentar o seu poder. Personificada com uma face oval e um corpo com o formato de losango, são denominadas de emboli ou mbuto. Além disso, esses artefatos são utilizados nos ritos de iniciação de meninos, do qual os anciões se utilizam para mostrar aos jovens que as máscaras são manipuladas por seres humanos como eles.


Máscara do Povo Teke (República Democrática do Congo): São máscaras manufaturadas em madeira no formato arredondado, plana e ornamentadas com desenho geométricos. Seu uso está vinculado as diversas cerimônias: ritos de iniciação, casamentos e ritos fúnebres. No contexto social, esse artefato é utilizado como símbolo de identificação hierárquica dos cidadãos com status social e político superiores.
Máscaras Africanas Femininas: São artefatos que representam as figuras sociais femininas, trazendo assim, o conceito de fertilidade e reprodução. Personificadas por uma testa saliente, o que parece simbolizar as peculiaridades e os atributos de beleza e inteligência da mulher. A face é demarcada por desenhos, que representam de forma significava as escarificações e as tatuagens tradicionais do povo. Os elementos que aparecem nas maçãs do rosto fazem referência as lágrimas. O curioso é que nas cerimônias onde são exibidas, apenas os homens podem vestir as máscaras, muitas vezes, esses artefatos são compostos de cílios, feitos a partir de materiais vegetais, enquanto, os olhos são amendoados e o rosto aperfeiçoado com um queixo fino. Em Angola, essas máscaras são usadas apenas por homens na condição de circuncidados e é interdito às mulheres e aos indivíduos de sexo masculino ainda não circuncidados. Já os trajes utilizados eram compostos de elementos naturais, como fibras, além de seios feitos em madeira. Estas máscaras, em grande parte, são retratadas no formato de um crânio humano e usadas durante rituais de morte ou espírito de convocação. Elas também eram usadas durante rituais de renovação de “vida”, geralmente, para acolher um menino ou uma menina para a sociedade durante a puberdade.
Máscara do Povo Punu (Gabão): Representa o rosto de uma mulher, geralmente com escarificações - técnica utilizada para deixar cicatrizes na pele. O cabelo da máscara se assemelha ao cabelo das mulheres da tribo. Essa máscara era utilizada em funerais e rituais mágicos e representa uma imagem idealizada dos ancestrais. O branco da máscara simboliza a paz, as divindades, os espíritos mortos e a vida após a morte.


Máscara do Povo Baga (Guiné): São artefatos que representam a beleza feminina personificada por seios e cicatrizes no rosto. Os seios são alongados e planos para simbolizar os muitos anos de amamentação. Muitas das máscaras com rostos de mulher desse povo são representadas com as tradicionais tranças que os povos africanos fazem nos cabelos. Para o povo Baga, as máscaras de mulher só podem ser utilizadas pelos homens nos rituais.
Máscara do Povo Tchokwe (Congo): São artefatos que representam o gênero feminino por meio da música, das danças tradicionais e das cerimônias ritualísticas. Denominada de txihongo, essa máscara está interligada ao poder, sobretudo na resolução dos problemas comunitários e é, ao mesmo tempo, símbolo de riqueza e de fertilidade dos chefes. A pessoa que usa essa máscara é sempre um membro da família real ou alguém da confiança do mesmo, tipo um dançarino profissional, que percorre as aldeias, dançando e recebendo dinheiro e presentes pela sua exibição. Personificada como a mascote de todas as técnicas e dos movimentos de quase todos os bailarinos. A coreografia, é caracterizada por uma série de movimentos de ancas e braços que denotam dureza e firmeza, ou seja, é toda ela masculina.


Máscara do Povo Senefu (Costa do Marfim): Um dos artefatos mais tradicionais é denominado de Kpelie, uma máscara que representa o gênero feminino, delineada por olhos semicerrados, cujo simbolismo enaltece a paciência, o autocontrole e o pacifismo. Além disso, esse artefato também é personificado por uma combinação de características humanas e animalescas, retratando o poder de comunicação entre os vivos e os ancestrais. Sendo utilizada por homens nos rituais de iniciação, funerais e celebração de colheita, já que a mesma evidência a beleza feminina e a fertilidade.
Máscaras Africanas de Animais: Uma máscara africana de animal pode representar, de fato, o espírito de um determinado animal e servir de meio para transmitir-lhe uma mensagem ou um pedido. Em outros casos, um animal pode servir de símbolo de virtudes específicas.
Máscara do Povo Bamana (Mali): Por ser uma sociedade estruturada na tradição agrícola e fundamentada na crença de que os antílopes ensinaram seus antepassados a plantar. A máscara principal elaborada pelo povo Bamana é personificada por um antílope com diversos chifres que saem do topo da cabeça do animal, os quais caracterizam o nascimento das plantações por meio dos grãos. Seu uso está interligado aos ritos de iniciação.


Máscara do Povo Baule (Costa do Marfim): A máscara na contextualização dessa tribo, está associada aos festivais de colheita, em ocasiões que recepcionam visitas importantes ou em ritos fúnebres de pessoas importantes, ilustres e/ou poderosas da comunidade. Entretanto, a principal dessas celebrações, denominada de Goli, é personificada por máscaras redondas que representam o Sol e são complementadas um par de chifres de búfalo, reproduzem a força física desse animal.
Máscara do Povo Egípcio: O uso estava associado a sacrifícios cerimoniais, ou seja, as máscaras eram inseridas sobre o rosto dos mortos com a convicção de que esse artefato as conduziria a vida eterna. Eram ornamentadas em pedras preciosas. Denominadas de máscaras mortuárias ou funerárias, eram encontradas nos sarcófagos dos faraós egípcios, como parte dos rituais de mumificação. Portanto, entre os variados significados presentes em seu uso existe a importância da máscara como guia da alma do falecido no vale dos mortos e, também, como elemento protetor que a guardaria dos maus espíritos. Assim, a máscara esculpida a partir do rosto do morto assumia sua personalidade, o que facilitaria a identificação do seu corpo pela alma no dia do seu regresso do reino dos mortos.


Máscara do Povo Tibetano: São máscaras que tem sua fundamentação teórica em diversas crenças politeístas (Hinduísmo, Budismo, Xamanismo e mitos de tribos locais), cuja função representativa desses artefatos está na vinculação a diversas divindades: Mahakala, Shiva, Varahi, Thordey, etc. Confeccionadas em madeira e recebem uma camada protetiva de barro e linho com a finalidade de retardar o envelhecimento. No processo de ornamentação, essas máscaras apresentam um estilo bem exótico, já que são estruturadas por brincos, coroas de crânios e detalhes metalizados (em bronze, prata e latão), além de outros objetos coloridos, porém, a principal característica desses artefatos é o símbolo do terceiro olho na testa. Entretanto, todas essas especificidades de adereços não servem apenas para caracterizar as questões ritualísticas e metafóricas, mas um imaginário enigmático e sedutor.
Fontes
https://artrianon.com/2021/01/06/obra-de-arte-da-semana-mascara-funeraria-de-tutancamon/
https://ensinarhistoria.com.br/mascaras-africanas-recortar-colorir
https://ndmais.com.br/saude/de-rituais-a-protecao-historia-das-mascaras-ao-longo-do-tempo/
Máscara da Peste Negra: Uma máscara (geralmente preta) com bico era assemelhada a uma cabeça de ave e possuía em seu interior uma composição de perfumes e ervas que ajudariam a lidar com os ares infectos (os miasmas) que acreditavam agir no processo de contaminação. Complementada por um casacão de couro preto, o qual estava integrado à máscara por meio de um capuz para não deixar a pele do médico exposta a riscos contaminantes e o conjunto de couro era também composto por luvas, botas e pela calça que estava sob o longo casaco e tudo era bem encerado para impedir que líquidos viessem a molhar a vestimenta. Além disso, os médicos costumavam usar chapéus característicos e aquele que lidava com pestes não renunciava ao acessório na composição da sombria indumentária que vestia. A composição ficava completa com outros itens, a exemplo de uma vara e uma longa colher para impedir contatos com os doentes. Aquela visão de um corvo humano não era desvinculada da morte seja pela aparência como também pela própria condição de lidar com pessoas que estavam padecendo de uma moléstia fatal. A razão por trás dos trajes esquisitos (e levemente assustadores) é o desconhecimento científico acerca das causas da doença.
Máscaras Protetivas
Embora a gênese das máscaras estivesse vinculada ao processo de sua própria dialética (velar e desvelar), o vestir desse artefato como um elemento protetivo, sem estar associado a temática lúdica da fantasia, é datado pelo menos ao século VI a.C. Período em que foram achadas imagens de pessoas utilizando panos sobre a boca nas portas das tumbas dos povos persas. Da mesma forma, a China do século XIII, também ficou marcada pelo uso da máscara protetiva. Uma vez que, os servos do imperador, as utilizavam sobre o rosto como forma de mascarar o próprio mal hálito da boca, e, com isso, não danificar e/ou contaminar o cheiro e o sabor da comida. Sendo assim, a funcionalidade das máscaras protetivas está associada a uma espécie de barreira preventiva e/ou disseminativa de vírus, fungos, bactérias e agentes intoxicantes.
Máscara da Peste Negra: Uma máscara (geralmente preta) com bico era assemelhada a uma cabeça de ave e possuía em seu interior uma composição de perfumes e ervas que ajudariam a lidar com os ares infectos (os miasmas) que acreditavam agir no processo de contaminação. Complementada por um casacão de couro preto, o qual estava integrado à máscara por meio de um capuz para não deixar a pele do médico exposta a riscos contaminantes e o conjunto de couro era também composto por luvas, botas e pela calça que estava sob o longo casaco e tudo era bem encerado para impedir que líquidos viessem a molhar a vestimenta. Além disso, os médicos costumavam usar chapéus característicos e aquele que lidava com pestes não renunciava ao acessório na composição da sombria indumentária que vestia. A composição ficava completa com outros itens, a exemplo de uma vara e uma longa colher para impedir contatos com os doentes. Aquela visão de um corvo humano não era desvinculada da morte seja pela aparência como também pela própria condição de lidar com pessoas que estavam padecendo de uma moléstia fatal. A razão por trás dos trajes esquisitos (e levemente assustadores) é o desconhecimento científico acerca das causas da doença.


Máscara Anti-Poluição: A Revolução Industrial do século XVIII ajudou a criar a infame poluição atmosférica de Londres, que aumentou à medida que mais e mais fábricas expeliam fumaça e as famílias mantinham seus fogos de carvão acesos. Dessa forma, a combinação desse vapor poluente com a névoa, resultava na produção do smog, uma manta de fumaça amarelo-acinzentada (efeito da mistura entre fumaça e partículas de fuligem de alcatrão), o qual se originava quando o tempo frio prendia o ar estagnado sob uma camada de ar quente. Com isso, as baixas temperaturas também levavam as pessoas a queimar mais carvão, criando mais fumaça.
Máscara de Poluição do Trânsito: Durante a Londres vitoriana, senhoras bem-educadas — especialistas em cobrir a pele e sempre ansiosas por qualquer coisa que pudesse ser um adorno intrincado que viesse em preto — começaram a prender véus em seus chapéus. Embora usado durante o luto, o papel do véu não era exclusivamente fúnebre. Também ajudava a proteger o rosto de uma mulher do sol, da chuva e de poluentes, bem como da sujeira e da poeira transportadas pelo ar.


Máscara da Gripe Espanhola: Quando a doença surgiu, no outono de 1918, na reta final do conflito militar, a utilização da máscara foi considerada um ato patriótico, de defesa do país. Eram máscaras fabricadas e distribuídas em todo o país pela Cruz Vermelha, elaboradas com gazes e embebedadas com gotas de desinfetante a engenhocas embaixo do nariz. Entretanto, com a escassez de matéria-prima, as autoridades recomendavam que a população costurasse suas próprias máscaras, com qualquer material disponível. Muitas eram feitas de tecidos porosos, o que prejudicava sua eficácia. Porém, nem todos sabiam como usar a máscara, muitos traziam-na no queixo, para poderem fumar cachimbo, ou usavam máscaras que tapavam apenas o nariz, deixando a boca descoberta tornando-a uma porta de entrada direta para o vírus. Esse período também ficou marcado pela criação da Liga Anti-Máscara, formada por empresários, comerciantes e até alguns médicos e um integrante do governo, cuja intenção era pressionar o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras. Assim, as pessoas que se negavam a usá-las eram multadas e levadas pelas autoridades ao tribunal, gerando conflitos, prisões e até tiros disparados contra quem se recusava a usar o acessório de proteção. Contudo, ao meio-dia de 21 de novembro, dez dias após o fim da Primeira Guerra Mundial, o som de sirenes ecoou pela cidade, anunciando o fim da obrigatoriedade da máscara, resultando em uma comemoração precipitada, na qual as multidões arrancaram suas máscaras e as jogaram no chão, cobrindo ruas e calçadas com o que um jornal da época descreveu como “vestígios de um mês tortuoso”. No entanto, o número de casos disparou logo em seguida e a recomendação de usar máscara voltou duas semanas depois. Desta vez, o seu uso seria voluntário.
Máscara de Gás: A ameaça de uma 2ª Guerra Mundial, 20 anos após o primeiro conflito global ter presenciado o uso de cloro e gás mostarda, fez com que o governo distribuísse máscaras de gás tanto para as pessoas comuns quanto para os militares. As coberturas faciais se tornaram, assim, predominantes na maioria das áreas da vida em algumas cidades europeias.

Máscaras Teatrais
Na história do teatro a máscara é o elemento mais simbólico da linguagem cênica, já que remontava à representação de cabeça de animais em rituais primitivos, ou seja, era utilizado para quando ou o objeto em si ou o personagem que o usava representassem algum poder misterioso (STROISCH, 2020).
Assim, para Sabino Da Costa (2018) a máscara se torna o elemento principal, na qual se faz entender o que é o teatro e o que é a vida, pois é através desse artefato que o ator identifica o próprio eu fragmentado da personagem, ou seja, é por meio desse processo que o ator sai de si e incorpora a personagem, realizando um processo de anulação do ego. Além disso, esse artefato poderia ser visto por todos os grandes anfiteatros de uma forma que um rosto não podia e foram estilizados de forma a projetar a alma e as emoções do personagem.
Os principais temas das peças teatrais gregas eram: ligadas ao cotidiano, fatos heroicos, problemas emocionais e psicológicos, lendas e mitos, homenagem aos deuses gregos e críticas aos políticos. Com isso, a evolução da forma das apresentações proporcionou a introdução de enredos fictícios. O que resultou em dois gêneros que foram estabelecidos no teatro grego: a tragédia e a comédia.

Máscara da Tragédia: Gênero mais antigo do teatro grego, a tragédia abordava temas associados à religião ou às sagas dos heróis. Dessa forma, as máscaras trágicas procuravam traduzir o patético e a dor: rugas profundas, sobrancelhas contraídas, órbitas saltadas, olhos arregalados, boca escancarada. As tragédias eram compostas por cinco atos, nos quais os personagens eram deuses, reis ou heróis. Os júris das tragédias eram compostos por cinco pessoas importantes da aristocracia. Nesse gênero destacaram-se Ésquilo, Sófocles e Eurípides.
Máscara da Comédia: Gênero que abordava fatos do cotidiano. Baseado na sátira, as comédias apresentavam críticas ao sistema político, às guerras e a sociedade de Atenas. Desse modo, as máscaras gregas caracterizavam sentimentos e emoções exageradas, de reconhecimento universal. Considerado pelos críticos como um gênero inferior, a comédia só foi reconhecida meio século depois da tragédia. Os júris da comédia eram formados por três pessoas da plateia. Entre os dramaturgos importantes desse gênero, destaca-se: Aristófanes e Menandro. Assim, de natureza puramente satírica e cômica, a comédia, utilizava quase sempre a Máscara, que caricaturava personagens notáveis da vida real. O uso da Máscara implicava a ausência de expressão facial, que fazia recair o peso da técnica interpretativa, nos gestos e na voz do ator.


Máscara Feminina ou Máscara do Machismo: As mulheres não faziam parte do teatro grego, pois não eram consideradas cidadãs das polis (cidades gregas), não tinham direitos políticos, fato esse que serviu para consolidar o uso das máscaras no teatro grego. Portanto, todos os papéis dos espetáculos eram apresentados pelos homens nascidos no solo da cidade, livres e iguais, denominados de cidadãos. O papel feminino estava restringido aos “deveres” domésticos e de procriação. Por esta razão, as máscaras de cor branca representavam as mulheres e as muito coloridas, com perucas, podiam representar personagens de ambos os sexos.
Commedia Dell’Arte
Surgiu na Itália no começo do século XVI e inicialmente era um contraponto ao teatro literário culto e foi inicialmente denominada de commedia all improviso ou commedia a soggetto. Foi somente no século XVIII que passou realmente a se chamar Commedia dell’arte.
Seus atores eram artesões de sua arte e foram ao contrário dos grupos amadores acadêmicos, os primeiros atores profissionais. Seus ancestrais foram os mimos ambulantes, os prestidigitadores e os improvisadores. Veio do Carnaval, com cortejos mascarados, a sátira social dos figurinos dos seus bufões, as apresentações de números acrobáticos e pantomimas.
Portanto, a Commedia dell’arte é considerada uma arte mimética segundo a inspiração do momento, improvisação ágil, rude e burlesca, ou seja, destaca-se pelo domínio corporal, pela arte de substituir longos discursos por alguns signos gestuais e de organizar a representação “coreograficamente”.
O corpo era grotesco um componente que visava ao rebaixamento, à distorção; enfatizava-se o ridículo, o extravagante, as características ligadas à carne, como a fome, o sexo, as necessidades fisiológicas, entre outras. Os motivos que moviam as personagens estavam ligados às questões de sobrevivência, calcadas muito mais nas necessidades corporais do que intelectuais e emocionais.
O corpo grotesco é um corpo em movimento. Esse corpo grotesco não era acabado nem grotesco; nem estava separado do resto do mundo, nem tampouco era degradação do sublime, mas ao mesmo tempo, nascimento e ressurreição. É o corpo aberto ao mundo, penetrado por ele através dos seus orifícios, protuberâncias, ramificações, é o corpo que dá vida e desaparece, é o corpo das grosserias e das obscenidades, que estava totalmente alegre, ousado, licencioso e franco; ressoava com toda liberdade na praça, em festas, para além das restrições e convenções, e interdições verbais (apud BAKTHIN, 2002).
Não havia preocupação com o psicológico. Somente com os enamorados, havia uma interpretação mais realista, com posturas da cintura para cima, privilegiando o emocional e o racional. Assim, o contraste da linguagem, status, sagacidade ou estupidez dos personagens pré-determinadas assegurava o efeito cômico.
A tipificação leva os intérpretes a especializar-se numa personagem em particular, num papel que se lhes ajustava tão perfeitamente e no qual se movimentavam tão naturalmente, que não havia necessidade de um texto teatral consolidado.
Dessa forma, bastava combinar, antes do espetáculo, o plano de ação: a intriga, desenvolvimento e solução. Os detalhes eram deixados ao sabor do momento. Uma vez inventado o roteiro (canovaccio), cada ator improvisa levando em conta os lazzi.
Máscara do Pantalone ou Pantaleão: Era o mais conhecido dos personagens padrões e cômicos da Commedia dell’Arte. Representava a elite da sociedade italiana, também conhecido como “O Velho” ou como um “Mercador de Veneza” (expressão título de uma famosa peça de Shakespeare), além de ser um tirano, um avarento e um galanteador. Pantaleão era desajeitado e alvo de gozações dos servos e dos demais personagens que integravam essa trupe teatral. A característica zoomórfica é de uma galinha ou ave de rapina, e encontra-se tanto na composição dos traços da máscara como nos gestos e fala da personagem - daí o bico longo. Aparece vestido com roupas pretas, típicas dos intelectuais do Renascimento. Personificado por um velho glutão que em discursos prolixos, suas explicações são desconexas, como se estivesse falando de um determinado assunto, e unisse um verbete a outro e uma enciclopédia. Já os sinônimos Dottore Balazone, Dottore Graziano são denominações da mesma personagem.


Máscara do Arlecchino ou Arlequim: É um dos mais populares personagens cômicos da Commedia dell’Arte. O Arlequim, servo do Pantaleão, era guloso, espertalhão, preguiçoso e insolente. Tentava convencer a todos da sua ingenuidade e estupidez. Debochado, adorava pregar peças nos outros personagens e usava movimentos acrobáticos e sua agilidade ajudava a escapar das confusões criadas. O arlequim tradicional usava uma roupa de remendos e trapos, que evoluiu para a manta de retalhos em forma de losango. Sua máscara é preta com uma mancha grande e vermelha na testa, semelhante a um furúnculo. O aspecto principal desse personagem era a sua agilidade física e seu interesse amoroso estava voltado para sua Colombina, mas sua paixão por ela fora superada por seu desejo por comida ou por medo de seu mestre.
Máscara do Zanni ou Briguella: O primeiro Zanni, Briguella, era considerado esperto, que com suas intrigas mobiliza as ações do roteiro; e o segundo Zanni, Arlecchino, era considerado rude e tolo, que com suas confusões provocava equívocos no desenrolar das ações, acarretando tumultos a serem resolvidos no final do espetáculo. Briguella tem tradução semelhante a brigador, e sua máscara possui relação com uma raposa ou cão perdigueiro. Ele normalmente arma um plano para resolver o problema dos Enamorados em troca de dinheiro. Entre as servas temos Ragonda, Arlecchina, Colombina, Franceschina, Esmeraldina, entre outras. Todas têm a função de ajudar os enamorados na conclusão de suas paixões: o casamento.


Máscara do Pierrot ou Pierrô: Retratado por ser uma personagem de ações na Commedia dell’Arte. Seu nome original era Pedrolino, mas foi na França no século XIX que foi batizado como Pierrot e assim ganhou notoriedade. Tido como lunático – fora da realidade. Vivia sofrendo e suspirando de amor pela Colombina – motivo de piadas em cena. O Pierrô influenciou posteriormente o movimento artístico do circo. Belo, charmoso e gentil – com personalidade amável e bem-humorada. Frequentemente culpa-se por erros não cometidos e, devido a sua natureza boa, é facilmente enganado. A característica notável do comportamento do Pierrot é a sua inocência. Personificado com roupas brancas e grandes, geralmente um macacão inteiro com detalhe preto na gola ou uma veste e uma calça, na cabeça, apenas um chapéu. Geralmente, é retratado com uma lágrima em seu rosto, não se utiliza do recurso máscara, sendo assim, é esperado que o ator apresente uma grande variedade de expressões faciais. Esta tradição tem sido usada, pelo menos desde o início de 1600. Seu rosto é, por vezes esbranquiçado com pó ou farinha.
Máscara da Colombina ou Arlecchina: Faz parte dos personagens cômicos – servos da Commedia dell’Arte. A Colombina era serva da filha do Pantaleão – tão bela e refinada quanto sua ama. Caracterizada por usar vestes esfarrapadas e remendadas, quando denominada de Arlecchina, a personagem era caracterizada por usar trajes multicoloridos, semelhantes ao seu homólogo Arlecchino. Também era conhecida por usar maquiagem pesada ao redor dos olhos e levar um pandeiro, que ela poderia usar para se defender dos avanços amorosos de Pantaleão. Colombina foi pivô do mais famoso triângulo amoroso da história – de um lado o apaixonado Pierrô, do outro o malandro Arlequim – para despertar o interesse e amor a romântica dançava e cantava graciosamente. A palavra colombina em italiano significa pombinha.



Máscara do Capitano: Tem sua possível descendência do Milles Gloriosus da comédia romana. Personagem totalmente fanfarrão, falsos corajosos, inventam grandes façanhas militares, mas tudo sendo fruto de uma mente quixotesca.
Máscara do Innamoratti: Classificados como a parte “séria” da Commedia dell’arte; é comum nos canovacci, trocarem juras de amor e desejarem se casar, porém são impedidos por seus pais ou por já estarem comprometidos com um casamento arranjado, e tudo isso motivado por ciúme, por dinheiro, por briga entre famílias, etc. O conflito dos Enamorados normalmente aparece como a linha central dos roteiros, e é ao redor deste que aparecem outros conflitos. E, desta forma, as confusões são armadas pelos servos, para que, no fim do espetáculo, aconteça a união dos Enamorados em um final feliz.


Máscara do Bobo da Corte: É um tipo específico de palhaço na sua maioria associado à Idade Média, também conhecido por Jester, Coringa, Louco, Palhaço ou Boufon, Narr ou Naaror, Juglar e Joker. Entretanto, a palavra Jester tem sua origem no período pré-histórico, mais precisamente na sociedade ocidental tribal. Portanto, todos os bobos e tolos naquela época eram considerados como casos especiais, a quem Deus havia tocado com uma criança, deixando de presente a loucura ou talvez uma maldição. Geralmente, é uma personagem composta por um figurino extremamente colorido e vibrante, em um padrão heterogêneo. Seus chapéus eram diversificados, feitos de pano, que eram disquetes com três pontas, finalizado por um guizo em sua extremidade. Assim, como simbologia, as três pontas do chapéu representam as orelhas e a cauda de um burro, ambas usadas em épocas anteriores por esse mesmo personagem. Outras características que personificavam o bobo da corte eram o riso incessante e as simulações realizadas por um cetro, mais conhecido como um brinquedo ou Marotte.
Máscara do Casanova: Giacomo Girolamo Casanova foi um escritor e aventureiro italiano. Sua mãe era atriz e se tornou mãe aos 17 anos de idade, seu pai provavelmente fora o nobre Michele Grimani – proprietário do Teatro de San Samuele – onde sua mãe atuava. Casanova teve uma vida apaixonante, debochado, libertino, colecionador de mulheres, escroque e conquistador. Esse personagem, por sua vez, era característico do Iluminismo do século XVIII, epicúrio e racionalista, é recordado sobretudo pelas suas inumeráveis histórias galantes.


Máscara do Pulcinella: É um personagem clássico que se originou na “Commedia dell’Arte” do século XVII, um corcunda que ainda persegue as mulheres. Pulcinella se tornou um personagem de ações em marionetes napolitanas. Sua característica principal, a partir do qual ele adquiriu o seu nome, é o nariz extremamente longo, que se assemelha a um bico. Na América, chegou a ser chamado de “Pulliciniello”, relacionado com o pulcino italiano ou pinto. Seu temperamento tradicional é ser mal, cruel e astuto: o principal modo de defesa de Pulcinello é fingir ser demasiado estúpido para saber o que está acontecendo, e seu modo secundário é fisicamente bater nas pessoas. Pulcinello muitas vezes usa uma máscara preta e casaco branco longo, e tem o cabelo solto e desordenado.
Máscara do Bauta: É famosa pelo Carnaval de Veneza, pois é o principal tipo de máscara usada durante a festividade. A Bauta foi usada também em muitas outras ocasiões como um dispositivo para esconder a identidade do portador e status social. Isso permitiria que o usuário agisse com mais liberdade nos casos em que ele ou ela queria interagir com outros membros da sociedade fora dos limites da identidade e da convenção de todos os dias. Foi, portanto, útil para uma variedade de propósitos, algumas delas ilícitas ou criminosas, outros apenas pessoais, tais como encontros românticos. Esta máscara veneziana era considerada um disfarce ideal por reis e príncipes, que podem circular livremente na cidade sem ser reconhecido, mas foi usado por estranhos também. Fama da Bauta continuou ao longo da Sereníssima República, com as regras de franceses e austríacos que começaram a desaparecer, considerado como um símbolo reacionário. Bauta é bastante fantasmagórico e com os séculos, a moda era usá-lo com um preto tricorno.

Referências Bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rebelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Annablume/Hucitec, 2002.
SABINO DA COSTA, Felisberto. A máscara e a formação do ator. Móin-Móin - Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas, Florianópolis, v. 1, n. 01, p. 025-051, 2018. DOI: 10.5965/2595034701012005025. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/moin/article/view/1059652595034701012005025. Acesso em: 8 jan. 2022.
STROISCH, Bruna. De rituais à proteção: história das máscaras ao longo do tempo. Blog: ndt 09/05/2020 Disponível: https://ndmais.com.br/saude/de-rituais-a-protecao-historia-das-mascaras-ao-longo-do-tempo/ Acesso em: 11/08/2020.
Fonte
http://mascaraelt.blogspot.com/p/comedia-dellarte.html
https://ateliedemascaras.blogspot.com/2012/05/commedia-dell-arte.html
https://ensinarhistoria.com.br/teatro-grego-mascaras-para-recortar-e-colorir/

Máscaras do Halloween: A palavra Halloween é uma versão abreviada das frases All Hallows ‘Eve ou All Hallows’ Evening, que significa “Véspera de Todos os Santos”, ou “Noite de Todos os Santos”, na tradução para o português. Essa celebração vem de um antigo festival pagão celebrado pelos celtas há mais de 2.000 anos, chamado Samhain (período em que se finaliza o verão e se inicia o inverno). Na contextualização do mito, a celebração do Halloween, é personificada pela tradição Irlandesa denominada de “Jack Lanterna”, ou seja, um rapaz que foi condenado a não entrar no céu e nem mesmo no inferno, sendo forçado a vagar pela Terra para sempre, com apenas um carvão do inferno para acender sua lanterna. Com isso, o uso de máscaras e fantasias foi anexado a tradição, como forma dos humanos se camuflarem, para assim, enganar os espíritos. Entretanto, na cultura do cristianismo, o Papa Gregório IV, por volta do ano 834, transferiu a festividade de Todos os Santos do dia treze de maio para o dia primeiro de novembro, com a justificativa de deter a celebração de adoração do mundo das trevas e dos mortos, a qual é interpretada como algo vinculado a um ritual tétrico, de horror, de violência, de sangue em formato de brincadeira. Já a tradição do “doce ou travessura” ou do “trick or treat”, representa “a maldição ou o sacrifício”, ou seja, a incumbência de presentear os sacerdotes do deus da morte, como forma de não ser castigado. Assim, na concepção da igreja, o Halloween é analisado como um fenômeno maléfico do plano social, antropológico e cultural, isto é, uma proposta de valores negativos, presa ao materialismo e ao utilitarismo da vida e do prazer, profanando a verdadeira festa cristã, representada pelo culto aos Santos e da devoção do amor ao próximo e do respeito aos mandamentos de Deus.
Máscara da Fama e Privacidade ou Balaclava: Essa máscara se parece mais com uma espécie de gorro, que cobre o pescoço e o queixo, os modelos mais ousados se parecem como uma touca-ninja, uma vez que, deixam os olhos descobertos. Historicamente, esse artefato esteve associado ao uso militar, por ser um elemento utilizado na Guerra da Crimeia, anos depois pelos manifestantes separatistas pró-Rússia no Leste Europeu e, por fim, na elaboração do imaginário popular como um utensílio personificado por um comportamento ameaçador. Na modernidade, a balaclava se tornou a preferida e a mais usadas pelas celebridades que querem chamar a atenção para si mesmas, ao mesmo tempo em que desenvolvem um processo de autonegação, fundamentado pela não exploração da própria imagem, se camuflando contra os olhares dos fãs e possíveis inimigos. Contudo, esse artefato explodiu na contemporaneidade, como parte dos figurinos apresentados no desfile da Semana de Moda de Copenhagen e de Nova York, sendo utilizado em diferentes combinações no street style, o que acabou resultando em uma polêmica estruturada em privilégios raciais e religiosos nas redes sociais.


Máscara dos Doutores da Alegria: É um grupo mobilizado, a partir da sociedade civil que integra, para levar humor, arte profissionalizada, acervo de conhecimentos e muita alegria para crianças internadas em hospitais, bem como aos seus familiares e às equipes de saúde. Esta organização conta também com um centro de estudos e uma eficaz gestão e obtenção de recursos. Esta ONG – Organização não Governamental – não visa a captação de lucros, mas sim levar conforto e pílulas de felicidade ao público infantil enfermo. Seus integrantes têm como meta incentivar vivências divertidas para que esta camada da sociedade possa, mesmo a partir do desequilíbrio orgânico, instaurar em suas vidas uma interação salutar com as outras pessoas.

Máscara Feminina do Islamismo ou Burca: Inicialmente denominada de hijab, termo de origem árabe, que significava “cobertura” ou “roupa que tape” e, não uma peça específica. Essa vestimenta é utilizada em todo o mundo islâmico, principalmente, pelas mulheres mulçumanas, que devem ocultar totalmente o corpo e os cabelos, como forma de respeitar e cumprir à lei descrita no alcorão (livro bíblico mulçumano). Entretanto, na região da Índia, Paquistão e Afeganistão, essa vestimenta era conhecida por purdah, traduzida como cortina. Portanto, o hijab não é um tipo de lenço ou touca, esse “traje” está mais personificado por uma espécie de regra que se enquadra em diversas formas, se diferenciando apenas pela origem geográfica da população, pela crença religiosa ou pelo ambiente cultural de quem o veste. Sendo assim, o termo burca acabou tornando-se o mais popular para os véus integrais, embora esta palavra, nos países árabes do Golfo Pérsico, seja empregada para denominar as máscaras com que as mulheres cobrem tradicionalmente a cara (diferente dos véus que agora são conhecidos por serem utilizados pelas islâmicas, embora com o tempo, a palavra tenha passado a significar qualquer véu que se cubra a cara). Contudo, em países europeus, o uso da burca ou do nigab está terminantemente proibido em espaços públicos, podendo a pessoa ser multada ou condenada por tribunais.

Burca: A peça azulada exigida pelos talibãs é utilizada sobretudo entre os Pashtuns do Afeganistão e no Paquistão, e cobre toda a cara, com uma redinha nos olhos.
Nekab ou Niqab: É o véu que cobre toda a cara das mulheres, exceto por uma abertura na altura dos olhos; ele é amarrado atrás da cabeça por um laço. Vem da influência dos pregadores wahhabí (uma versão radical do islã, difundida a partir da Arábia Saudita, desde o fim dos anos 1970 do século passado). Foi uma herança das tribos sauditas do deserto, que cobriam a cara de suas mulheres.


Chador: Uma tela semicircular, que se envolve desde a cabeça, cobre todo o corpo e se sustenta sem ganchos, apenas com duas dobras no pescoço; a parte frontal do rosto fica à mostra. Em geral, as aparições públicas requerem um véu preto; já para ficar em casa ou ir à mesquita, são utilizadas peças mais coloridas. Popularizado no ocidente após a revolução islâmica no Irã, ele também é usado no Líbano, Iraque, Bahrein e Arábia Saudita, entre outros países. As sunitas da Arábia Saudita ou de Faluya (no Iraque) utilizam uma peça muito similar, que em árabe é chamada de abaya; tanto na península arábica quanto em territórios do norte da África. Nas zonas rurais de Tunísia e Argélia (dois países sunitas), as mulheres se cobrem com uma tela parecida, mas de cor branca em vez de preta. Frequentemente, as mulheres que usam o chador ou a abaya têm a túnica e um lenço ou toca por baixo.
Al-Amira: Cobre toda a cabeça e o pescoço e é composto por duas peças – uma cilíndrica, que se ajusta ao contorno do rosto, e um lenço que o cobre. Costuma ser utilizado pelas mais jovens, já que é mais fácil mantê-lo no lugar.


Hijab: É o termo mais popular no ocidente para referir-se ao véu islâmico; trata-se do lenço que cobre os cabelos e o pescoço, com o rosto à mostra. Suas cores e desenhos variam de acordo com as tendências da moda.
Shayla: É um lenço grande e rectangular, popular na região do Golfo. Ele é enrolado no pescoço e é cruzado na altura dos ombros.

Máscara dos Super-Heróis: Os super-heróis nasceram nas histórias em quadrinhos (HQs) norte-americanas. São seres humanos aparentemente comuns, mas responsáveis por feitos inacreditáveis. Esses personagens impactam jovens e adultos que acompanham suas jornadas e podem influenciar positivamente na construção de valores como coragem, responsabilidade, maturidade e altruísmo. A imersão no mundo da fantasia faz muita diferença no desenvolvimento infantil. Crianças imaginativas usam a brincadeira para desenvolver melhor a inteligência emocional. Trabalhar com o lúdico ajuda também no desenvolvimento social e cultural, na manutenção de uma boa saúde mental, além de facilitar a construção do conhecimento.


Máscara de Tatuagens: São marcas que retratam cada ser humano de forma individualizada, e, portanto, a tatuagem torna-se ilustração de um desejo de contar algo de sua história. São formas de linguagem implicadas com a busca de identidade e como expressão do sujeito. A pele torna-se tela onde se inscreve, literalmente, sua história. O sujeito se esforça para exteriorizar seus afetos, fantasias e desejos, e com isso o corpo, mais uma vez, funciona como um meio de comunicação. Entretanto, a tatuagem, na contemporaneidade, tem se tornado cada vez mais popular e exterminado com diversos preconceitos. Porém, para os estudos em esoterismo, ocultismo e magia, as tatuagens apresentam um poder energético que perpassa o simples traçar do desenho. Visto que, para o hermetismo, uma vertente do ocultismo, tudo que está no Universo é composto de energia e está em movimento vibracional. Dessa forma, quando o ser humano, integrado de energia vibracional, se conecta com os símbolos, o mesmo passa a ser afetado por essas energias de duas formas: significado pessoal transmitido ao símbolo e energia vibracional do próprio símbolo.

Máscara de Protesto: É um artefato esbranquiçado de sobrancelhas e bigodes pretos, dono de uma expressão provocativa e até mesmo debochado, foi adotado pelo mundo como um símbolo de lutas populares, normalmente, contra um governo corrupto ou tirano. A origem dessa máscara está relacionada a Fawkes, um soldado inglês, completamente insatisfeito com o rumo que a Inglaterra tomou sob o comando do Rei Jaimes I, que usufruía e esbanjava luxo com o dinheiro público enquanto o país sofria de corrupção, aumento excessivo de impostos, perseguição aos católicos e depravação. Revoltado com essas condições ele se juntou a Robert Catesby e a um grupo de católicos influentes, dessa união surgiu a “Conspiração da pólvora” na qual se pretendia assassinar o rei protestante. Como Fawkes era especialista em explosivos, ele decidiu explodir o Parlamento Inglês no dia da sessão de inauguração, com trinta e seis barris de pólvora estocados sob o prédio do parlamento. Onde o rei, sua família, parlamentares e aristocracia estariam reunidos, enquanto os seus parceiros fariam um levante no norte da ilha e sequestrariam a princesa, para convertê-la ao catolicismo. Porém o grupo percebeu que a explosão poderia ferir ou levar à morte diversos inocentes e defensores da causa católica, portanto enviaram avisos para que alguns deles mantivessem distância do parlamento no dia do ataque. Não se sabe ao certo se houve um delator no grupo ou se os avisos se espalharam demais, mas a informação chegou aos ouvidos do rei, que ordenou uma revista no prédio do parlamento. Encontrando Fawkes preparando a pólvora. Acabou sendo preso e se negou a fornecer informações, mas após mais de uma semana de tortura, ele cedeu e entregou o nome de oito conspiradores. Todos foram condenados à morte, foram decapitados e esquartejados. Infelizmente os ideais de liberdade de Fawkes e a sua luta por aquilo que acreditava foram esquecidos com o tempo, o que deu credibilidade a versão de Jaime I, quando disse que ao derrubar a conspiração, ele salvou a Inglaterra. Criou-se então uma tradição chamada “Noite das Fogueiras”, celebrada todo dia 5 de novembro na Inglaterra. Nesta noite é tradição soltar fogos de artifício, malhar e queimar em fogueiras, bonecos que representam Guy Fawkes, semelhante a tradição de malhar Judas (comum no Brasil).

Máscara de Realidade Virtual: Imagine um headset de realidade virtual capaz de promover uma imersão tão grande que o ser humano pode chegar a sentir o vento de uma planície e o calor de um tiro passando de raspão em um game. Esse aparelho existe e vem com uma novidade que pode ser um sonho ou um pesadelo: ele libera combinações de cheiros direto no seu rosto. A FeelReal Mask usa cápsulas de aromas, inseridas no próprio gadget, que vêm catalogadas com as combinações que serão gentilmente borrifadas em sua face. Entre os “sabores” estão café, lavanda, pólvora, borracha queimada, entre outros normalmente presentes em jogos e utilitários em realidade virtual. São, no total, 255 opções. O dispositivo tem um conceito multissensorial que busca imersão capaz de oferecer aos usuários a sensação de estar sofrendo as condições do ambiente digital. Por isso, ele vem com micro aquecedores e ventiladores, além da tradicional vibração. Assim, ao chegar em uma floresta de um RPG, por exemplo, a pessoa pode experimentar a brisa da paisagem ou o calor de uma máquina. O uso vai de games a meditação.
CURIOSIDADES CARNAVALESCAS
As máscaras são elementos muito anteriores à consolidação do carnaval como uma festa popular. Ao longo da humanidade, o utensílio foi amplamente usado para representar divindades, seres sobrenaturais ou antepassados, sendo item fundamental em diversos rituais e celebrações religiosas.
A primeira máscara de Carnaval data de 30.000 a.C., era fabricada e ornamentada para ser usada em celebrações, cultos e rituais de povos primitivos.
No Antigo Egito, o povo acreditava que a colocação de uma máscara na face dos mortos ajudava na passagem para a vida eterna. Na China, as máscaras eram usadas para afastar os maus espíritos.
Na Grécia, eram utilizadas nas cerimônias religiosas. Foi utilizada como acessório de festa, nomeadamente no Oriente em danças e procissões com intenção de se misturar o ritual e o divertimento. Com o tempo, essa finalidade dá espaço para o uso nas artes: é na Grécia antiga, por exemplo, no século V a.C., que ela começa a ser utilizada em peças teatrais.
Nesse contexto, as máscaras passaram a servir de reforço das emoções que o espectador deveria reconhecer no ator, ainda que estivesse muito longe do palco. É aí que nasce o símbolo do teatro até os dias atuais: duas máscaras gregas, uma triste, e outra alegre – ambas exageradas, com traços bem-marcados e expressivos.
Mais do que isso, as máscaras também eram usadas como forma de substituir o papel feminino: na Grécia Antiga, mulheres não eram consideradas cidadãs, sendo limitadas aos afazeres domésticos. Assim, ao lado de perucas, as máscaras davam vida à Jocasta, Clitemnestra, Electra e tantas outras personagens femininas do drama grego, interpretadas por homens.
Em 590 d.C. o Papa Gregório reconhece oficialmente o Carnaval, uma festa pagã, com a condição de que o dia seguinte, a Quarta-Feira de Cinzas, seja usado para purificação dos pecados cometidos durante os festejos. O termo Carnaval tem sua origem na expressão latina carnevale, cujo significado é “afastar-se da carne”. Como a celebração antecede a Quaresma, período de 40 dias antes da Páscoa em que não se deve comer carne, a expressão se popularizou.
A inspiração foram festas romanas que celebravam Saturno, deus da geração, dissolução, abundância, riqueza, agricultura, tempo, renovação periódica e libertação. A palavra máscara, de origem italiana, designa uma criação fantástica, antes relacionadas a feiticeiras, é neste momento que se tornaram um tema de divertimento.
A festa foi criada em 1094 por Vitale Falier, membro de uma das famílias mais influentes da cidade na época, e tinha o objetivo de, antes da Quaresma, oferecer para a população um período com brincadeiras, jogos e diversão.
Uma das marcas registradas do Carnaval de Veneza são as máscaras.
Na Itália, os “bobos da corte”, artistas do riso, transformaram-se em Arlequim, Pulcinella, Pierrot e Colombina, personagens da Commedia dell’Arte e personagens que inspiraram o Carnaval de Veneza, sendo que as máscaras, tinham o poder de revelar ou ocultar sentimentos. Além disso, esses personagens eram figuras presentes nos teatros de rua, que serviam para satirizar os integrantes da nobreza.
Na necessidade do homem de se embelezar e de se transformar, surge em Veneza, no século XV, o primeiro baile de máscaras, “Ball Masque”, onde o uso da máscara também se fazia necessário devido aos constantes conflitos políticos. Os Cortesãos mascarados faziam brincadeiras, confiantes no anonimato, extravasando todos os seus impulsos reprimidos, libertando-os das normas sociais.
Assim, os bailes de máscara se caracterizavam como momentos, na qual as pessoas se livravam das amarras sociais, constituindo-se de um ambiente de liberdade e transgressão: não se sabe quem é rico, pobre, homem ou mulher.
O mais antigo documento sobre o uso das máscaras em Veneza data de 02 de maio de 1268. Um outro, datado de 22 de fevereiro de 1339, proibia os mascarados de vaguearem pela noite nas ruas da cidade. Todavia, o seu uso era permitido durante todo o carnaval, exceto nas festas religiosas e ao entrar nas igrejas. Durante todas as manifestações importantes, como as festas republicanas, era consentido o uso dos trajes venezianos que compunham o uso das máscaras.
Em 1296, o Senado veneziano formalizou o Carnaval como o último dia antes da Quaresma, mas a população começava as celebrações em dezembro.
Em Veneza, no século XVIII, o uso da máscara tornou-se um hábito diário em homens, mulheres e crianças, ocultando o rosto com uma meia máscara que apenas cobria os olhos e o nariz. Em Veneza, as máscaras também se tornaram peças decorativas, transformando-se na principal atividade econômica da região.
A partir do século XIX, a máscara vai ser usada nos palanques das feiras e era vista como disfarce e enfeite.
Foram os portugueses que trouxeram as tradições carnavalescas ao Brasil, em 1641, através do Entrudo, uma festa popular em que as pessoas lançavam umas nas outras farinha, água e ovos, por exemplo. Era comum também o uso de “limões de cheiro” ou “laranjas de cheiro”, pequenas bolas de cera recheadas com águas perfumadas. Em 1854, por conta de repressão policial, a festa caiu em declínio. Foi então que os bailes de máscaras e fantasias em clubes e teatros ganharam força.
No Brasil, os famosos bailes de máscaras foram os primórdios do Carnaval. Esses bailes começaram no século XIX, com forte participação da burguesia capitalista do Rio de Janeiro. Em 1830, os bailes de máscaras brasileiros só permitiam a participação de duques, condes, rainhas, reis, princesas, príncipes e condensas. Somente, em 1840, o primeiro baile de carnaval do Brasil foi organizado por uma atriz italiana no Largo do Rocio, Rio de Janeiro, cuja ideia era popularizar as tradições do carnaval veneziano.
Com tanta relevância histórica não é de se estranhar que as máscaras de Carnaval continuem tão populares na atualidade. Hoje, todos os grandes eventos carnavalescos do Brasil contam com a presença desse ornamento, como sinônimo de descontração e leveza.
Os blocos carnavalescos surgiram no Brasil na segunda metade do século XIX. Contavam com a participação de membros das elites urbanas e eram compostos por pessoas fantasiadas, carros decorados e bandas musicais. O primeiro bloco de carnaval do Brasil foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas. Fundado na cidade do Rio de Janeiro em 1855, teve como um dos fundadores o famoso escritor José de Alencar.
A partir de 1870, as fantasias de carnaval tiveram grande importância para a festa, pois foi a forma que as pessoas encontraram para dar um ar mais divertido ao evento.
A primeira e mais popular marchinha da história do Carnaval brasileiro, denominada de Abre Alas, foi criada pela famosa pianista Chiquinha Gonzaga, para o grupo carnavalesco Rosas de Ouro em 1889.
Em 1892, o Ministério do Interior quis mudar a realização do carnaval para o mês de junho. A justificativa era que o clima era mais ameno durante o inverno, fato que geraria melhor aproveitamento e conforto aos participantes. Evidentemente que não deu certo, mas o povo acabou comemorando o carnaval duas vezes neste ano.
A primeira escola de samba do Brasil foi a "Deixa Falar", criada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, em 1928, por Nilton Basto, Ismael Silva, Silvio Fernandes, Oswaldo Vasques, Edgar, Julinho, Aurélio, entre outros.
O termo “escola de samba” foi usado, pois na rua Estácio, onde aconteciam os ensaios, havia também uma escola normal destinada a estudantes. O local era vizinho da "Deixa Falar". A escola, posteriormente, deu origem à Estácio de Sá, que conserva ainda hoje as cores vermelho e branco em suas bandeiras.
O primeiro rei Momo foi eleito em 1933, após um concurso organizado pelo jornal carioca A Noite. O mais interessante é que foi eleito, como o primeiro rei Momo da história do carnaval, o cantor e compositor carioca Silvio Caldas. O Rei Momo representa a alegria do carnaval, pois está sempre animando os participantes da festa.
Até 1930 as fantasias eram simples, com roupas adaptadas, tingidas, enfeitadas de forma ingênua, pois os materiais que poderiam enriquecê-las, como os tecidos, ornamentos, sapatilhas, adereços de cabeça, eram muito caros, aparecendo mais nos desfiles de escolas de samba. Nos clubes e desfiles de rua, surgiram os blocos, onde um grupo de pessoas vestia-se igual.
Alguns disfarces tornaram-se mais famosos, como caveira, odalisca, médico, morcego, malandro, super-heróis, diabo, príncipe, bobo da corte, pierrô, colombina, vedete, palhaço.
Esse período, também ficou conhecida pela presença da cantora e atriz Maria do Carmo Miranda da Cunha, mais conhecida como Carmen Miranda, nasceu em Portugal, mas sua importância para a cultura brasileira é imensa. Uma vez que, através de seu famoso chapéu de frutas e o traje de baiana que a cultura carnavalesca brasileira chegou na Hollywood dos anos 40.
Os bailes de gala foram instituídos no Brasil, seguindo o modelo dos bailes de Veneza, e foram mais popularizados através de Clóvis Bornay, onde as fantasias eram avaliadas nas categorias luxo e originalidade. Clóvis Bornay foi um grande nome desses desfiles, chegando a “hors concours” (concorrente de honra), ficando fora da competição em razão da beleza de suas criações, que sempre conquistavam os títulos, impedindo outros participantes de chegarem perto da vitória.
Desde sua origem, o Carnaval serve como plataforma de crítica e sátira da situação política, social e econômica das regiões em que é celebrado. As fantasias de caricaturas de políticos, por exemplo, servem a este propósito, assim como muitas outras fantasias que zombam dos absurdos da sociedade. Para se livrar de retaliações, os foliões usavam como desculpa o quanto a bebida alcoólica, muito presente na celebração, afetava o comportamento.
No ano de 1932, o periódico “Mundo Sportivo”, do jornalista pernambucano Mário Filho (irmão de Nelson Rodrigues), decidiu organizar o primeiro desfile competitivo das escolas de samba, o qual foi vencido pela Estação Primeira de Mangueira.
Depois de muitos anos, no início dos anos 80, o então prefeito carioca, Leonel Brizola, encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer um projeto que aumentasse em cinco vezes a capacidade do público para assistir os desfiles. O lugar também teria que, durante o ano, abrigar uma escola e tivesse um espaço para o Museu do Carnaval.
O local escolhido foi a própria Marquês de Sapucaí, ainda uma simples rua naquela época. Lá passou a ser usados exclusivamente para o desfile, ficando fechado para o tráfego. A nova estrutura foi inaugurada em 2 de março de 1984 e ficou conhecido popularmente como “Sambódromo”, embora seu nome oficial fosse “Passarela do Samba”.
Já em São Paulo, apenas em 1985 ocorreu a primeira intervenção da prefeitura no Carnaval da cidade, promovendo o primeiro desfile dos cordões existentes na época. Os cordões, por longo tempo, definiram a musicalidade da população operária paulistana, sendo neles que se desenvolvia o samba paulistano. Em 1914, por exemplo, foi criado o Cordão da Barra Funda, por Dionísio Barbosa, sendo esse o ancestral da escola Camisa Verde e Branco.
O Sambódromo do Anhembi surgiu em 1991 por meio da lei n° 10.831/90. Ela definiu a construção de um endereço oficial na cidade para que acontecessem os desfiles. Assim surgiu uma grande passarela de mais de quinhentos metros construída na Avenida Olavo Fontoura, na zona norte de São Paulo, a qual ficou popularmente conhecida como Sambódromo do Anhembi. Este local, de propriedade da Anhembi S/A, sedia os desfiles desde então, e nele também são realizados diversos eventos das mais variadas naturezas.
Em 2021, devido a segunda onda da pandemia provocada pelo vírus SARS CoV-2 (COVID-19), todas as capitais do país cancelaram a maior festa popular, o Carnaval. Contudo, em 2022, com o avanço da variante Ômicron da Covid-19 no Brasil, o Carnaval, previsto inicialmente para 25 e 26 de fevereiro, foi adiado pelas prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro para o feriado de Tiradentes, em 21 de abril.
Representantes das escolas de samba querem no máximo os desfiles em abril porque acreditam que as fantasias não irão resistir por muito tempo guardadas. Esse prazo entre confecção e uso não poderia, segundo eles, passar de três meses. Assim, caso os desfiles ocorram em abril as peças estariam guardadas por mais 40 dias somente.
Para que o Carnaval seja mantido em fevereiro, a Liga das Escolas de Samba, deverão cumprir com os Protocolos de Segurança do Comitê de Monitoramento à Covid-19: apresentação do passaporte da vacina para o público e para os desfilantes, uso obrigatório de máscara tanto para desfilantes quanto para o público, redução do número de componente por escola, controle de público na concentração e dispersão, além de recomendações para os ensaios técnicos e encontros nas quadras.
Uma outra decisão tomada pela Liga das Escolas de Samba, caso o Carnaval de 2022 ocorra em fevereiro, é a exclusão do quesito “harmonia” dos critérios de avaliação, quesito esse que avalia se os componentes cantam o samba enredo. Assim, o uso da máscara não atrapalharia a competição. Uma vez que, o uso de máscaras pelos integrantes das agremiações será obrigatório, causando punição em caso de não cumprimento. Já que o uso incorreto poderia levar à perda de pontos no quesito “fantasia”.
Uma outra solução, prevista pelos protocolos de saúde, será o adiamento dos desfiles no Anhembi e na Marquês de Sapucaí, caso a situação epidemiológica da cidade se agravasse.
Fonte
http://artiloka.blogspot.com/2011/02/curiosidades-sobre-as-mascaras-de.html
https://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/a-primeira-mascara-de-carnaval.html
https://www.suapesquisa.com/carnaval/simbolos_carnaval.htm
https://literario20.editoradobrasil.com.br/qual-e-a-origem-das-mascaras-de-carnaval/
https://ateliebellucci.com.br/entenda-a-origem-das-fantasias-e-mascaras-de-carnaval/
https://blogabre.com.br/2022/02/25/10-curiosidades-sobre-o-carnaval-que-voce-talvez-nao-conheca/
https://www.suapesquisa.com/musicacultura/curiosidades_carnaval.htm
https://querobolsa.com.br/revista/10-curiosidades-sobre-o-carnaval
https://www.sonhosbr.com.br/curiosidades-sobre-o-carnaval-brasileiro/